quinta-feira, 25 de outubro de 2012
"A Mensagem" e Análise do Poema "Ulisses"
O mito é o nada que é tudo./
O mesmo sol que abre os céus/
É um mito brilhante e mudo --/
O corpo morto de Deus,/
Vivo e desnudo./
/
Este, que aqui aportou,/
Foi por não ser existindo./
Sem existir nos bastou./
Por não ter vindo foi vindo/
E nos criou./
/
Assim a lenda se escorre/
A entrar na realidade,/
E a fecundá-la decorre./
Em baixo, a vida, metade/
De nada, morre./
/
Reflexão:
Ulisses, o herói da guerra de Tróia e protagonista da obra odisseia de Hómero, é um dos grandes mitos da civilização grega, e segundo a lenda, terá fundado Lisboa. Ao recuperar esta lenda e elege-lo como um dos primeiros poemas da “Mensagem”, Fernando pessoa tem precisamente a intenção de atribuir a Portugal uma origem mítica, que é mais valiosa de que qualquer origem histórica (os heróis desta obra são localizadas sobretudo no seu lado mítico).
Tal como na “Mensagem”, Camões recupera nos Lusíadas a lenda de que Ulisses terá fundando Lisboa.
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