quarta-feira, 18 de abril de 2012

Temáticas de Cesário verde

Características temáticas:
·        Oposição cidade/campo, sendo a cidade um espaço de morte e o campo um espaço de vida – valorização do natural em detrimento do artificial. O campo é visto como um espaço de liberdade, do não isolamento; e a cidade como um espaço castrador, opressor, símbolo da morte, da humilhação, da doença. A esta oposição associam-se as oposições belo/feio, claro/escuro, força/fragilidade.
·        Oposição passado/presente, em que o passado é visto como um tempo de harmonia com a natureza, ao contrário de um presente contaminado pelos malefícios da cidade (ex: «Nós»).
·        A questão da inviabilidade do Amor na cidade.
·        A humilhação (sentimental, estética, social).
·        A preocupação com as injustiças sociais.
·         O sentimento anti-burguês.
·        O perpétuo fluir do tempo, que só trará esperança para as gerações futuras.
·        Presença obsessiva da figura feminina, vista:
  , porque contaminada pela civilização urbana
-         mulher opressora – mulher nórdica, fria, símbolo da eclosão do desenvolvimento da cidade como fenómeno urbano, sinédoque da classe social opressora e, por isso, geradora de um erotismo da humilhação (ex: «Frígida», «Deslumbramentos» e «Esplêndida»), em que se reconhece a influência de Baudelaire;
     positivamente, porque relacionada com o campo, com os seus valores salutares
-         - mulher anjo – visão angelical, reflexo de uma entidade divina, símbolo de pureza campestre, com traços de uma beleza angelical, frequentemente com os cabelos loiros, dotada de uma certa fragilidade («Em Petiz», «Nós», «De Tarde» e «Setentrional») – também tem um efeito regenerador;
-         mulher regeneradora – mulher frágil, pura, natural, simples, representa os valores do campo na cidade, que regenera o sujeito poético e lhe estimula a imaginação (ex: as figuras femininas de a «A Débil» e «Num Bairro Moderno»);
-         mulher oprimida – tísica, resignada, vítima da opressão social urbana, humilhada, com a qual o sujeito poético se sente identificado ou por quem nutre compaixão (ex: «Contrariedades»);
-         mulher como sinédoque social – (ex: as «burguesinhas» e as varinas de «O Sentimento dum Ocidental»
-                       mulher objecto – vista enquanto estímulo dos sentidos carnais, sensuais, como impulso erótico (ex: actriz de «Cristalizações»).

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