Parnasianismo
O Romantismo em Portugal, como vimos, revestiu-se, nos seus epígonos, de um carácter não só humanitarista mas até revolucionário. A forma, no entanto, continuava cada vez mais frondosa e retórica, isto é, a debater-se entre admirações, interrogações, reticências, apóstrofes, repetições.
Antero e Teófilo, ousados corifeus da Geração de 70, renovaram a poesia portuguesa, enxchendo-a de conteúdo novo: a metafísica, a revolução social, as ideias políticas progressistas. Mas a forma deixaram-na praticamente como a tinham encontrado nos românticos ou então não evitaram que caísse na anemia da aridez discursiva.
Alguém, por essa altura, tentou entre nós modificar esse estilo poético. De 1868 a 1873 circulava entre a mocidade de Coimbra a revista A Folha. Dirigida por João Penha, começou a divulgar uma estética literária que se identificava fundamentalmente com o Parnasianismo francês: a poesia deve ser a expressão da verdade e objectividade num máximo de beleza formal. Os tópicos dessa estética podem resumir-se nas seguintes alíneas:
- fraseado impecavelmente correcto e discretamente ornado;
- repúdio das liberdades poéticas e das expressões inexactas;
- nitidez de forma e notação dos aspectos visíveis das coisas, das cores e de outros dados sensoriais, de modo a aproximar a poesia das artes plásticas;
- proscrição do pessoalismo passional, piegas, e sua substituição pela focagem da realidade concreta e quotidiana, pela pintura de medalhões e quadros históricos ou actuais mas de civilizações exóticas.
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