segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Sermão de Santo António aos Peixes-Resumo

Resumo do Sermão de Santo António aos peixes

Constituído o sermão por seis capítulos, muitos estudiosos tendem a estabelecer uma correspondência linear entre estes e as quatro partes da retórica clássica: exórdio (Cap. I), exposição (Cap. II e III), confirmação (Cap. IV e V) e peroração (Cap. VI).

Porém, atendendo a que o Padre António Vieira teve o cuidado de declarar que dividia o sermão em duas partes (início do Cap. II), o que se verifica é a existência de dois diferentes momentos de exposição e dois diferentes momentos de confirmação.

Assim, temos o primeiro momento de exposição no Cap. II, momento em que fala dos louvores dos peixes em geral, seguindo-se a respectiva confirmação, no Cap. III, com os louvores em particular (peixe de Tobias, rémora, torpedo e quatro-olhos). O segundo momento de exposição surge no Cap. IV, ao falar da repreensão dos vícios em geral, seguindo-se a respectiva confirmação, no Cap. V, com as repreensões em particular (roncadores, pegadores, voadores e polvo).



Estrutura do Sermão

1. INTRODUÇÃO (Exórdio) - cap.I

A partir do conceito predicável "vós sois o sal da terra": "Santo António foi sal da terra e foi sal do mar."

2. DESENVOLVIMENTO (Exposição e Confirmação) - cap. II a V

"(...) para que procedamos com alguma clareza, dividirei, peixes, o vosso sermão em dois pontos: no primeiro louvar-vos-ei as vossas atitudes, no segundo repreender-vos-ei os vossos vícios."

2.1. LOUVOR DAS VIRTUDES

"Começando, pois, pelos vossos louvores, irmãos peixes, ..."

2.1.1. LOUVORES EM GERAL - cap. II (1.º momento da Exposição)

a) "ouvem e não falam"

b) "vós fostes os primeiros que Deus criou"

c) "e nas provisões (...) os primeiros nomeados foram os peixes"

d) "entre todos os animais do mundo, os peixes são os mais e os maiores"

e) "aquela obediência, com que chamados acudistes todos pela honra de vosso Criador e Senhor"

f) "aquela ordem, quietação e atencão com que ouvistes a palavra de Deus da boca do seu servo António. (...) Os homens perseguindo a António (...) e no mesmo tempo os peixes (...) acudindo a sua voz, atentos e suspensos às suas palavras, escutando com silêncio (...) o que não entendiam."

g) "só eles entre todos os animais se não domam nem domesticam"



2.1.2. LOUVORES EM PARTICULAR - cap. III (1.º momento da Confirmação)

2.1.2.1. SANTO PEIXE DE TOBIAS

"o fel era bom para curar da cegueira"; "o coração para lançar fora os demónios"

2.1.2.2. RÉMORA

"(...) se se pega ao leme de uma nau da índia (...) a prende e amarra mais que as mesmas âncoras, sem se poder mover, nem ir por diante."

2.1.2.3. TORPEDO

"Está o pescador com a cana na mão, o anzol no fundo e a bóia sobre a água, e em lhe picando na isca o torpedo, começa a lhe tremer o braço. Pode haver maior, mais breve e mais admirável efeito?"

2.1.2.4. QUATRO-OLHOS

"e como têm inimigos no mar e inimigos no ar, dobrou-lhes a natureza as sentinelas e deu-lhes dois olhos, que direitamente olhassem para cima, para se vigiarem das aves, e outros dois que direitamente olhassem para baixo, para se vigiarem dos peixes."

2.2. REPREENSÃO DOS VÍCIOS

"Antes, porém, que vos vades, assim como ouvistes os vossos louvores, ouvi também agora as vossas repreensões."

2.2.1. REPREENSÕES EM GERAL - cap. IV (2.º momento da Exposição)

a) "(...) é que vos comedes uns aos outros."

b) "Não só vos comeis uns aos outros, senão que os grandes comem os pequenos."

c) "Se os pequenos comeram os grandes, bastara um grande para muitos pequenos; mas como os grandes comem os pequenos, não bastam cem pequenos, nem mil, para um só grande."

2.2.2. REPREENSÕES EM PARTICULAR - cap. V (2.º momento da Confirmação)

2.2.2.1. RONCADORES

"É possível que sendo vós uns peixinhos tão pequenos, haveis de ser as roncas do mar?"

2.2.2.2. PEGADORES

"Pegadores se chamam estes de que agora falo, e com grande propriedade, porque sendo pequenos, não só se chegam a outros maiores, mas de tal sorte se lhes pegam aos costados, que jamais os desferram."



2.2.2.3. VOADORES

"Dizei-me, voadores, não vos fez Deus para peixes? Pois porque vos meteis a ser aves? (...) Contentai-vos com o mar e com nadar, e não queirais voar, pois sois peixes."

2.2.2.4. POLVO

"E debaixo desta aparência tão modesta, ou desta hipocrisia tão santa (...) o dito polvo é o maior traidor do mar."

3. CONCLUSÃO (Peroração) - cap. VI

"Com esta última advertência vos despido, ou me despido de vós, meus peixes. E para que vades consolados do sermão, que não sei quando ouvireis outro, quero-vos aliviar de uma desconsolação mui antiga, com que todos ficastes desde o tempo em que se publicou o Levítico."





Virtudes dos Peixes

PEIXE DE TOBIAS

- o fel sara a cegueira;

- o coração lança fora os demónios;

RÉMORA

- tão pequeno no corpo e tão grande na força e no poder;

TORPEDO

- descarga eléctrica que faz tremer o braço do pescador;

QUATRO-OLHOS

- dois olhos voltados para cima para se vigiarem das aves;

- dois olhos voltados para baixo para se vigiarem dos peixes.

Defeitos dos Peixes

RONCADORES

- embora tão pequenos roncam muito (simbolizam a arrogância e a soberba);

PEGADORES

- sendo pequenos, pregam-se nos maiores, não os largando mais (simbolizam o parasitismo);

VOADORES

- sendo peixes, também se metem a ser aves (simbolizam a presunção (vaidade) e a ambição);

POLVO

- com aparência de santo, é o maior traidor do mar (simboliza a traição).



Cultismo

O CULTISMO, caracterizado por uma linguagem rebuscada, culta, extravagante, descritiva, serve-se sobretudo de três artifícios (jogo de palavras (ludismo verbal), jogo de imagens e jogo de construções) para esconder, sob um burilado excessivo da forma, uma temática estéril e banal. Trocadilhos, aliterações, homonímia, sinonímia, perífrases e extravagância de vocábulos são alguns dos artifícios de que se serve. É também designado por gongorismo devido ao escritor espanhol Luís de Gôngora, que serviu de modelo aos nossos poetas.



Conceptismo

O CONCEPTISMO é, pois, caracterizado por um jogo de ideias ou conceitos, seguindo um raciocínio lógico, racionalista, que utiliza uma retórica aprimorada. Para tal, recorre a um conjunto de artifícios estilísticos como comparações, metáforas e imagens de enorme ousadia, ou ainda sinédoques e hipérboles, entre outros, que conduzem a uma tal densidade conceptual que obscurece o seu conteúdo. Um dos principais cultores do conceptismo foi o espanhol Quevedo.

Conceitos Predicáveis

Os conceitos predicáveis consistem em «figuras» ou alegorias pelas quais se pode realizar uma pretensa demonstração de fé, ou verdades morais, ou até juízos proféticos. O processo, como notou António Sérgio, deriva da interpretação do Velho Testamento como conjunto de «prefigurações» do que narra o Novo Testamento. Depois, os passos bíblicos tornaram-se pretexto para construções mentais arbitrárias, em que brilha o virtuosismo do orador. (Coelho, Jacinto do Prado, DICIONÁRIO DA LITERATURA)









































Alguns Recursos Estilísticos do P.e António Vieira



O SERMÃO DE SANTO ANTÓNIO AOS PEIXES, do Padre António Vieira, é um discurso longo, tendo sido criado com a finalidade de ser pregado. Não sendo fácil manter um auditório atento durante muito tempo, compreende-se a necessidade do autor recorrer a um conjunto de artifícios que, valendo-se do uso de variações de intensidade e inflexão da voz, asseguram, na perfeição, a verificação permanente de que a assistência está em condições de continuar a ouvir atentamente o sermão.
Vejamos, pois, alguns dos recursos estilísticos de que se serviu o Padre António Vieira.



Apostrofes:

Estes e outros louvores, estas e outras excelências de vossa geração e grandeza vos pudera dizer, ó peixes..."

"Ah moradores do Maranhão..."

"Esta é a língua, peixes, do vosso grande pregador (...)"

"Peixes, contente-se cada um com o seu elemento."

"Oh alma de António, que só vós tivestes asas e voastes sem perigo (...)"

"Vê, peixe aleivoso e vil, qual é a tua maldade (...)"



Antíteses:

Tanto pescar e tão pouco tremer!"

"No mar, pescam as canas, na terra pescam as varas (...)"

"(...) deu-lhes dois olhos, que direitamente olhassem para cima (...) e outros dois que direitamente olhassem para baixo (...)"

"A natureza deu-te a água, tu não quiseste senão o ar (...)"

"(...) traçou a traição às escuras, mas executou-a muito às claras."

"(...) António (...) o mais puro exemplar da candura, da sinceridade e da verdade, onde nunca houve dolo, fingimento ou engano."

"Oh que boa doutrina era esta para a terra, se eu não pregara para o mar!"





Comparações:

Certo que se a este peixe o vestiram de burel e o ataram com uma corda, parecia um retrato marítimo de Santo António."

"O que é a baleia entre os peixes, era o gigante Golias entre os homens."

"(...) com aquele seu capelo na cabeça, parece um monge;

com aqueles seus raios estendidos, parece uma estrela;

com aquele não ter osso nem espinha, parece a mesma brandura (...)"

"As cores, que no camaleão são gala, no polvo são malícia (...)"

"(...) e o salteador, que está de emboscada (...) lança-lhe os braços de repente, e fá-lo prisioneiro. Fizera mais Judas?"

"Vê, peixe aleivoso e vil, qual é a tua maldade, pois Judas em tua comparação já é menos traidor



Paralelismos e Anáforas:

Ou é porque o sal não salga, e os pregadores...;

ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes...

Ou é porque o sal não salga, e os pregadores...;

ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes...

Ou é porque o sal não salga, e os pregadores...;

ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes..."

"Deixa as praças, vai-se às praias;

deixa a terra, vai-se ao mar..."

"Quantos, correndo fortuna na Nau Soberba (...), se a língua de António, como rémora (...)

Quantos, embarcados na Nau Vingança (...), se a rémora da língua de António (...)

Quantos, navegando na Nau Cobiça (...), se a língua de António (...)

Quantos, na Nau Sensualidade (...), se a rémora da língua de António (...)"

"(...) com aquele seu capelo na cabeça, parece um monge;

com aqueles seus raios estendidos, parece uma estrela;

com aquele não ter osso nem espinha, parece a mesma brandura (...)"

"Se está nos limos, faz-se verde;

se está na areia, faz-se branco;

se está no lodo, faz-se pardo (...)"



Enumeração:

No mar, pescam as canas, na terra pescam as varas (e tanta sorte de varas); pescam as ginetas, pescam as bengalas, pescam os bastões e até os ceptros pescam (...)"

"(...) que também nelas há falsidades, enganos, fingimentos, embustes, ciladas e muito maiores e mais perniciosas traições."

"Eu falo, mas vós não ofendeis a Deus com palavras; eu lembro-me, mas não ofendeis a Deus com a memória; eu discorro, mas vós não ofendeis a Deus com o entendimento; eu quero, mas vós não ofendeis a Deus com a vontade."





Metáforas

"Esta é a língua, peixes, do vosso grande pregador, que também foi rémora vossa, enquanto o ouvistes; e porque agora está muda (...) se vêem e choram na terra tantos naufrágios."

"(...) pois às águias, que são os linces do ar (...) e aos linces que são as águias da terra (...)"

"(...) onde permite Deus que estejam vivendo em cegueira tantos milhares de gentes há tantos séculos?!"

" (...) vestir ou pintar as mesmas cores (...)"

"(...) e o polvo dos próprios braços faz as cordas





Paradoxos:

a terra e o mar tudo era mar."

"E debaixo desta aparência tão modesta, ou desta hipocrisia tão santa (...) o dito polvo é o maior traidor do mar."

"hipocrisia tão santa"





Trocadilhos

Os homens tiveram entranhas para deitar Jonas ao mar, e o peixe recolheu nas entranhas a Jonas, para o levar vivo à terra."

"E porque nem aqui o deixavam os que o tinham deixado, primeiro deixou Lisboa, depois Coimbra, e finalmente Portugal."

"(...) o peixe abriu a boca contra quem se lavava, e Santo António abria a sua contra os que se não queriam lavar."





Interrogações retóricas

qual será, ou qual pode ser, a causa desta corrupção?"

"Não é tudo isto verdade?"

"(...) que se há-de fazer a este sal, e que se há-de fazer a esta terra?"

"Que faria neste caso o ânimo generoso do grande António? (...) Que faria logo? Retirar-se-ia? Calar-se-ia? Dissimularia? Daria tempo ao tempo?"

"(...) onde permite Deus que estejam vivendo em cegueira tantos milhares de gentes há tantos séculos?!"





Ironia

Mas ah sim, que me não lembrava! Eu não prego a vós, prego aos peixes."

"E debaixo desta aparência tão modesta, ou desta hipocrisia tão santa (...) o dito polvo é o maior traidor do mar."





 


O Sermão de Santo António aos Peixes


Capítulo I


Exórdio ou Introdução: exposição do plano a desenvolver e das ideias a defender (ll.1-59).

Conceito Predicável: texto bíblico que serve de tema e que irá ser desenvolvido de acordo com a intenção e o objectivo do autor "Vos estis sal terrae".

Invocação: pedido de auxílio divino (ll.60-61).

As simetrias evidenciam e são um exemplo da estruturação do sermão um exercício mental da grande lógica, que permitem aos ouvintes atingirem mais facilmente o objectivo da mensagem nas respostas à justificação do facto de a terra estar corrompida e na resposta ao que se há-de fazer ao sal que não salga e à terra que se não deixa salgar.

Para atingir a inteligência dos ouvintes, o orador usa argumentos lógicos, sucessivas interrogações retóricas e a autoridade dos exemplos de Cristo, Santo António e da Bíblia. Para atingir o coração dos ouvintes, usa interjeições e exclamações.

Ao relatar o que fez Santo António quando foi perseguido em Arimino usa frases curtas (Deixa as praças, vai-se às praias…), ritmo binário, anáforas, enumeração.

É evidente que os tipos de frase têm relação directa com a entoação. A frase interrogativa termina num tom mais alto, a declarativa num tom mais baixo, etc.

O titulo do Sermão foi retirado do milagre ou lenda que se conta a respeito de Santo António. Este terá sido mal recebido numa pregação em Arimino, mesmo perseguido, e ter-se-á dirigido à praia e pregado o sermão aos peixes que o terão escutado atentamente, contrastando com os homens.

O pregador invocou Nossa Senhora porque era habitual fazê-lo e ainda porque o nome Maria quer dizer Senhora do mar; os ouvintes do sermão eram pescadores que A invocavam na faina da pesca.

Capítulo II


O sermão é uma alegoria porque os peixes são metáfora dos homens, as suas virtudes são por contraste metáfora dos defeitos dos homens e os seus vícios são directamente metáfora dos vícios dos homens. 0 pregador fala aos peixes, mas quem escuta são os homens.

Os peixes ouvem e não falam. Os homens falam muito e ouvem pouco.

O pregador argumenta de forma muito lógica. Partindo de duas propriedades do sal, divide o sermão em duas partes: o sal conserva o são, o pregador louva as virtudes dos peixes; o sal preserva da corrupção, o pregador repreende os vícios dos peixes. Para que fique claro que todo o sermão é uma alegoria, o pregador refere frequentemente os homens. Utiliza articuladores do discurso (assim, pois…), interrogações retóricas, anáforas, gradações crescentes, antíteses, etc. Demonstra as afirmações que faz tirando partido do contraste entre o bem e o mal, referindo palavras de S. Basílio, de Cristo, de Moisés, de Aristóteles e de St. Ambrósio, todas referidas aos louvores dos peixes. Confirma-as com vários exemplos: o dilúvio, o de Santo António, o de Jonas e o dos animais que se domesticam.

Virtudes que dependem sobretudo de Deus
Virtudes naturais dos peixes
• foram as primeiras criaturas criadas por Deus

• foram as primeiras criaturas nomeadas pelo homem

• são os mais numerosos e os maiores

• obediência, quietação, atenção, respeito e devoção com que ouviram a pregação de Santo António
• não se domam

• não se domesticam

• escaparam todos do dilúvio porque não tinham pecado

Os peixes não foram castigados por Deus no dilúvio, sendo, por isso, exemplo para os homens que pouco ouvem e falam muito, pouco respeito têm pela palavra de Deus.

Evidencia-se que os animais que convivem com os homens foram castigados, estão domados e domesticados, sem liberdade.

Animais que se domesticam
Animais que vivem presos
cavalo, boi, bugio, leões, tigres, aves que se criam e vivem com os homens, papagaio, rouxinol, açor, aves de rapina
rouxinol, papagaio, açor, bugio, cão, boi, cavalo, tigres e leões

O discurso é pregado; por isso, envolve toda a pessoa do orador. Os gestos, a mímica, a posição do corpo - a linguagem não verbal - têm um lugar importante porque completam a mensagem transmitida.

Alguns Recursos de Estilo


  • A antítese Céu/lnferno, que repete semanticamente a antítese bem/mal, está ligada quer à divisão do Sermão em duas partes, quer às duas finalidades globais do mesmo.
  • A apóstrofe refere directamente o destinatário da mensagem e do pregador, aproximando os dois pólos da comunicação: emissor e receptor.
  • A interrogação retórica como meio de convencer os ouvintes.
  • A personificação dos peixes associada à apóstrofe e às atitudes dos mesmos.
  • A gradação crescente na enumeração dos animais que vivem próximos dos homens mas presos.
  • A comparação, "como peixes na água", tem o carácter de um provérbio que significa viver livremente.

Santo António foi muito humilde, aceitando sem revolta o abandono a que foi votado por todos, ele que conhecia a sua sabedoria. O pregador pretende condenar os homens que possuem vícios opostos às virtudes dos peixes.

 


Capítulo III


O peixe de Tobias
A Rémora
O Torpedo
O Quatro-Olhos

Efeitos
• sarou a cegueira do pai de Tobias

• lançou fora os demónios
• pega-se ao leme de uma nau

• prende a nau e amarra-a
• faz tremer o braço do pescador

• não permite pescar
• defende-se dos peixes

• defende-se das aves

Comparação
peixe de Tobias

Santo António

• alumiava e curava as cegueiras dos ouvintes

• lançava os demónios fora de casa
Rémora

Santo António

• a língua de S. António domou a fúria das paixões humanas: Soberba, Vingança, Cobiça, Sensualidade
Torpedo

Santo António

• 22 pescadores tremeram ouvindo as palavras de S. António e converteram-se
Quatro-Olhos

o pregador

• o peixe ensinou o pregador e olhar para o Céu (para cima) e para o Inferno (para baixo)

O pregador usa o imperativo verbal, a repetição anafórica, a exclamação, a apóstrofe, a leve ironia ("Mas ah sim, que me não lembrava! Eu não prego a vós, prego aos peixes!").

A língua de Santo António teve a força de dominar as paixões humanas, guiando a razão pelos caminhos do bem; foi o freio do cavalo porque impediu tantas pessoas de caírem nas mais variadas desgraças.









Imagens
Elementos
Nau Soberba
Nau Vingança
Nau Cobiça
Nau Sensualidade
Vocabulário essencial:
• substantivos
• adjectivos
• verbos

• velas, vento
• inchadas
• desfazer, rebentavam

• artilharia, bota-fogos
• abocada, acesos
• corriam, queimariam

• gáveas
• sobrecarregada, aberta
• incapaz de fugir

• cerração
• enganados
• perder
Efeitos do poder da língua de S. António
mão no leme
a sua língua detém a fúria
a sua língua detêm a cobiça
a sua língua contêm-nos
Finalidade das interrogações
Convencer os ouvintes
Comentário sobre cada imagem
Usadas sempre com a finalidade de chamar a atenção dos ouvintes para as várias tentações que precisam ser evitadas.

A língua de Santo António foi a rémora dos ouvintes enquanto estes ouviram; quando o não ouvem, são atingidos por muitos naufrágios (desgraças morais).

Recursos estilísticos:

  • Anáforas: Ah homens… Ah moradores… Quantos, correndo… Quantos, embarcados… Quantos, navegando… Quantos na nau… A interjeição visa atingir o coração dos ouvintes; a repetição do pronome indefinido realiza uma enumeração.
  • Gradações: Nau Soberba, Nau Vingança, Nau Cobiça, Nau Sensualidade; "passa a virtude do peixezinho, da boca ao anzol, do anzol à linha, da linha à cana e da cana ao braço do pescador." O sentido é sempre uma intensificação para mais ou para menos.
  • Antíteses: mar/terra, para cima/para baixo, Céu/Inferno. Palavras de sentido oposto indicam as duas direcções do sermão: peixes - homens, bem - mal.
  • Comparações: "… parecia um retrato maritimo de Santo António"; o peixe de Tobias, com um burel e uma corda, era uma espécie de Santo António do mar: as suas virtudes eram como as de Santo António. "… unidos como os dois vidros de um relógio de areia,": o peixe Quatro-Olhos possuía grande visão e precisão.
  • Metáforas: "… águias, que são os linces do ar; os linces, que são as águias da terra": sentido de rapidez e de visão excepcional.

Conclusão: os homens pescam muito e tremem pouco; 2ª. conclusão: "Se eu pregara aos homens e tivera a língua de Santo António, eu os fizera tremer." (Deve salientar-se que o verbo pescar é também metáfora de guerra; crítica aos holandeses.); 3ª. conclusão: "… se tenho fé e uso da razão, só devo olhar direitamente para cima, e só direitamente para baixo". Os peixes são o sustento dos membros de várias ordens religiosas. Há peixes para os ricos e peixes para os pobres. Esta distinção tem por finalidade criticar a exploração dos ricos sobre os pobres.

 


Capítulo IV


Para comprovar a tese de que os homens se comem uns aos outros, o orador usa uma lógica implacável, apelando para os conhecimentos dos ouvintes e dando exemplos concretos. Os seus ouvintes sabiam a verdade do que ele afirmava, pois conheciam que os peixes se comem uns aos outros, os maiores comem os mais pequenos. Além disso, cita frequentemente a Sagrada Escritura, em que se apoia. Lendo hoje este capitulo, assim como todo o Sermão, não se pode ficar indiferente à lógica da argumentação.

As conclusões são implacáveis, pois são fruto claríssimo dos argumentos usados.

O ritmo é variado: lento, rápido e muito rápido. Quando as frases são longas, o ritmo é repousado; quando as frases são curtas, quando se usam sucessivas anáforas nessas frases, o ritmo torna-se vivo, como acontece no exemplo do defunto e do réu. O discurso deste sermão, como doutros, é semelhante ao ondular das águas do mar: revoltas e vivas, espraiam-se depois pela areia como que espreguiçando-se. Uma das características maravilhosas do discurso de Vieira é a mudança de ritmo, que prende facilmente os ouvintes.

A repetição da forma verbal "vedes", que deverá ser acompanhada de um gesto expressivo, serve para criar na mente dos ouvintes (e dos leitores) um forte visualismo do espectáculo descrito.

O uso dos deícticos demonstrativos tem por objectivo localizar os actos referidos, levando os ouvintes a revê-los nos espaços onde acontecem. A substantivação do infinitivo verbal está também ao serviço do visualismo. O verbo deixa de indicar acção limitada para se transformar numa situação alargada.

Há uma passagem semelhante no momento em que o orador refere a necessidade de o bem comum prevalecer sobre o apetite particular: "Não vedes que contra vós se emalham…".

O orador expõe a repreensão e depois comprova-a como fez com a primeira repreensão: dá o exemplo dos peixes que caem tão facilmente no engodo da isca, passa em seguida para o exemplo dos homens que enganam facilmente os indígenas e para a facilidade com que estes se deixam enganar. A crítica à exploração dos negros é cerrada e implacável. Conclui, respondendo à interrogação que fez, afirmando que os peixes são muito cegos e ignorantes e apresenta, em contraste, o exemplo de Santo António, que nunca se deixou enganar pela vaidade do mundo, fazendo-se pobre e simples, e assim pescou muitos para salvação.

 


 


 


 


Capítulo V


Peixes
Defeitos
Argumentos
Exemplos de homens
Os Roncadores
soberba

orgulho
pequenos mas muita língua; facilmente pescados

os peixes grandes têm pouca língua

muita arrogância, pouca firmeza
Pedro

Golias

Caifás

Pilatos
Os Pegadores
parasitismo
vivem na dependência dos grandes, morrem com eles

os grandes morrem porque comeram, os pequenos morrem sem terem comido
Toda a família da corte de Herodes

Adão e Eva
Os Voadores
presunção

ambição
foram criados peixes e não aves

são pescados como peixes e caçados como aves

morrem queimados
Simão mago
O Polvo
traição
ataca sempre de emboscada porque se disfarça
Judas

Comparação entre os peixes e Santo António


Peixes
Santo António
Os Roncadores: soberbos e orgulhosos, facilmente pescados
tendo tanto saber e tanto poder, não se orgulhou disso, antes se calou. Não foi abatido, mas a sua voz ficou para sempre
Os Pegadores: parasitas, aduladores, pescados com os grandes
pegou-se com Cristo a Deus e tornou-se imortal
Os Voadores: ambiciosos e presunçosos
tnha duas asas: a sabedoria natural e a sabedoria sobrenatural. Não as usou por ambição; foi considerado leigo e sem ciência, mas tornou-se sábio para sempre
O Polvo: traidor
Foi o maior exemplo da candura, da sinceridade e verdade, onde nunca houve mentira

Episódio do Polvo


Divisão em partes:

  • Introdução: a aparência do polvo "O polvo… mansidão" (ll.177-179).
  • Desenvolvimento: a realidade "E debaixo… pedra" (ll.179-187).
  • Conclusão: a consequência "E daqui… fá-lo prisioneiro" (ll.187-189).
  • Comparação: "Fizera… traidor" (ll.190-196).

A expressão "aparência tão modesta" traduz a aparente simplicidade e inocência do polvo, que encobre uma terrível realidade. O orador usa a ironia. A expressão "hipocrisia tão santa" contém em si um paradoxo: a hipocrisia nunca é santa; de novo, o orador usa uma fina e penetrante ironia: o polvo apresenta um ar de santo, mas encobre uma cruel realidade. Tem a máscara (que é o que quer dizer em grego hipócrita), o fingimento de inofensivo.

O mimetismo é o que o polvo usa para enganar: faz-se da cor do local ou dos objectos onde se instala.

No camaleão, o mimetismo é um artifício de defesa contra os agressores, no polvo é um artifício para atacar os peixes desacautelados.

O orador refere a lenda de Proteu para contrapor o mito à realidade: Proteu metamorfoseava-se para se defender de quem o perseguia; o polvo, ao contrário, usa essa qualidade para atacar.

Os deícticos demonstrativos implicam a linguagem gestual e têm por intenção criar o visualismo na mente dos ouvintes (leitores). A anáfora, repetição da mesma palavra em início de frase, insiste no mesmo visualismo.

Os verbos que se referem ao polvo estão no presente do indicativo, traduzindo uma realidade permanente e imutável; a forma "vai passando" gerúndio perifrástico, acentua a forma despreocupada dos outros peixes que lentamente passam pelo local onde se encontra o traidor; os verbos que se referem a Judas estão no pretérito perfeito do indicativo porque referem acções do passado. Há ainda o imperativo "Vê", que traduz uma interpelação directa ao polvo, tornando o discurso mais vivo.

O polvo nunca ataca frontalmente, mas sempre à traição: primeiro, cria um engano, que consiste em fazer-se das cores onde se encontra; depois, ataca os inocentes.

O texto deste capítulo segue a variedade de ritmos dos outros capítulos e apresenta os mesmos recursos para conseguir tal objectivo. Basta atentar no parágrafo que começa por "Rodeia a nau o tubarão… " e no texto referente ao polvo.

Elemento comum entre Judas e o polvo: a traição. Ambos foram vítimas deste defeito.

Elementos diferentes entre Judas e o polvo: Judas apenas abraçou Cristo, outros o prenderam; o polvo abraça e prende. Judas atraiçoou Cristo à luz das lanternas; o polvo escurece-se, roubando a luz para que os outros peixes não vejam as suas cores. A traição de Judas é de grau inferior à do polvo.

 


Capítulo VI


Peroração: conclusão com a utilização de um desfecho forte, capaz de impressionar o auditório e levá-lo a pôr em prática os ensinamentos do pregador.

Animais/Peixes
Peixes
Homens
foram escolhidos para os sacrifícios

estes podiam ir vivos para os sacrifícios

ofereçam a Deus o ser sacrificado

ofereçam a Deus o sangue e a vida
não foram escolhidos para os sacrifícios

só poderiam ir mortos. Deus não quer que Lhe ofereçam coisa morta

ofereçam a Deus não ser sacrificados

ofereçam a Deus o respeito e a obediência
os homens também chegam mortos ao altar porque vão em pecado mortal. Assim, Deus não os quer.

O orador quer que os homens imitem os peixes, isto é, guardem respeito e obediência a Deus. Numa palavra, pretende que os homens se convertam (metanóia).

Orador
Peixes
tem inveja dos peixes

ofende a Deus com palavras

tem memória

ofende a Deus com o pensamento

ofende a Deus com a vontade

não atinge o fim para que Deus o criou

ofende a Deus
• têm mais vantagens do que o pregador

• a sua bruteza é melhor do que a razão do orador

• não ofendem a Deus com a memória

• o seu instinto é melhor que o livre arbítrio do orador; não falam; não ofendem a Deus com o pensamento; não ofendem a Deus com a vontade; atingem sempre o fim para que Deus os criou

• não ofendem a Deus

As interrogações têm por objectivo atingirem preferencialmente a inteligência, enquanto as exclamações visam mais o sentimento dos ouvintes. As repetições põem em realce o paralelismo entre o orador e os peixes; as gradações intensificam um sentido.

A repetição do som /ai/ (11 vezes) cria uma atmosfera sonora cada vez mais intensa e optimista; a repetição das palavras "Louvai" e "Deus" apontam para a finalidade global do sermão: o louvor de Deus, que todos devem prestar. O verbo no imperativo realiza a função apelativa da linguagem: depois de ter inventariado os louvores e os defeitos dos peixes/homens, não poderia deixar de apelar aos ouvintes para que louvem a Deus. A escolha do hino Benedicite cumpre fielmente esse objectivo, encerrando o Sermão com um tom festivo, adequado à comemoração de Santo António, cuja festa se celebrava. A palavra Ámen significa "Assim seja", "que todos louvem a Deus". O quiasmo realizado na colocação em ordem inversa das palavras glória e graça sugere a transposição dos peixes para os homens: já que os peixes não são capazes de nenhuma dessas virtudes, sejam-no os homens. Sugere também uma mudança: a conversão (metanóia), porque só em graça os homens podem dar glória a Deus.


quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Padre António Vieira

Musica Barroca

O século XVII trouxe à música a revolução mais profunda desde aquela promovida pela Ars nova no século XIV, e talvez tão importante quanto a que foi implementada pela música moderna no século XX. É certo que tais mudanças não surgiram do nada e tiveram precursores, e demoraram anos até serem absorvidas em larga escala, mas em torno do ano 1600 se apresentaram obras que constituem verdadeiros marcos de passagem. Esse novo espírito requereu a criação de um vocabulário musical vastamente expandido e uma rápida evolução na técnica, especialmente a vocal. As origens do Barroco musical estão no contraste entre dois estilos nitidamente diferenciados, o chamado prima prattica, o estilo geral do século XVI, e o seconda prattica, derivado de inovações na música de teatro italiana. Na harmonia, outra área que sofreu mudança significativa, abandonaram-se os modos gregos ainda prevalentes no século anterior para adotar-se o sistema tonal, construído a partir de apenas duas escalas, a maior e a menor, que encontrou sua expressão mais típica na técnica do baixo contínuo.
Ficheiro:Interior de uma ópera barroca.jpg

Pintura Barroca

Andrea Pozzo, codificando a técnica da perspectiva arquitetônica ilusionística em seu tratado Perspectiva Pictorum et Architectorum, foi o responsável pela divulgação em larga escala de uma das mais típicas modalidades de pintura do Barroco, a criação de grandes tetos pintados onde as paredes do templo parecem continuar para cima e se abrir para o céu, oferecendo a visão de uma epifania onde santos, anjos e Cristo parecem descer entre nuvens e resplendores de glória. A técnica não era inteiramente nova e já havia sido praticada por outros como Correggio e Michelangelo no Maneirismo, mas o tratado de Pozzo se tornou canônico, sendo traduzido para várias línguas ocidentais, e até para o chinês. Enquanto que seus predecessores continham o céu num espaço mais limitado, Pozzo e seus seguidores buscaram deliberadamente uma impressão de infinitude.
Ficheiro:Jacob Isaaksz. van Ruisdael 007.jpg

Literatura Barroca

Especialmente depois das guerras e tumultos sociais e religiosos da primeira parte do século XVII, a literatura experimentou um grande florescimento em vários países, dando origem à literatura moderna. Na Itália apareceu a corrente Marinista liderada por Giambattista Marino, na Península Ibérica e colônias americanas, o Cultismo e o Conceptismo de Luis de Góngora, Francisco de Quevedo, o padre António Vieira e Gregório de Matos. Na França foi a era de Molière, Racine, Boileau e La Fontaine; nos Países Baixos, a Idade de Ouro da poesia, com expoentes em Henric Spieghel, Joost van den Vondel, Daniël Heinsius e Gerbrand Bredero; na Inglaterra, propiciou-se o florescimento de uma poesia metafísica tipificada por John DryFicheiro:Peter Paul Rubens 138.jpgden, John Milton, John Donne e Samuel Johnson.
Seu motivo onipresente foi o conflito entre a tradição clássica herdada do Renascimento e as novas descobertas da ciência, as mudanças na religião, novas aspirações e um desejo de experimentação. A herança clássica trazia consigo determinadas formas estéticas e padrões morais, mas ao mesmo tempo se fazia frente à necessidade cristã de rejeitar o modelo clássico por sua origem pagã, considerada uma influência corruptora e enganosa, e isso explica parte da rejeição do classicismo em boa parte do Barroco, um conflito que se estendeu para a área da educação, até então também pesadamente devedora dos clássicos e através da influência jesuítica vista como o principal e primeiro instrumento de reforma social.

Barroco as suas Caractéristicas

O Barroco começou a ser estudado seriamente no final do século XIX, e desde então os teóricos da arte têm tentado definir-lhe seus contornos, mas essa tentativa provou-se dificultosa, e pouco consenso foi conseguido. Um dos primeiros estudiosos a abordar o tema foi Heinrich Wölfflin, que o descreveu contrapondo-o ao Renascimento e definido cinco traços genéricos principais: o privilégio da cor e da mancha sobre a linha; da profundidade sobre o plano; das formas abertas sobre as fechadas; da imprecisão sobre a clareza, e da unidade sobre a multiplicidade. Sua definição ainda é tomada como o ponto de partida de muitos estudos contemporâneos sobre o Barroco.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Demagogia

A Demagogia é uma ideia política que consiste em apelar a emoções e sentimentos  para ganhar o apoio popular, frequentemente mediante o uso da retórica e da propaganda.
As promessas que se os políticos se propõe realizar durante as campanhas eleitorais, são habitualmente rotuladas de demagógicas, quando a sua realização é altamente improvável. 



Discurso Político

O discurso político é um texto argumentativo, fortemente persuasivo, em nome do bem comum, alicerçado por pontos de vista do emissor ou de enunciadores que representa, e por informações compartilhadas que traduzem valores sociais, políticos, religiosos e outros. Frequentemente, apresenta-se como uma fala coletiva que procura sobrepor-se em nome de interesses da comunidade e constituir norma de futuro

Texto Argumentativo

Um texto argumentativo tem como objetivo persuadir alguém das nossas ideias. Deve ser claro e ter riqueza lexical, podendo tratar qualquer tema ou assunto.
É constituído por um primeiro parágrafo curto, que deixe a ideia no ar, depois o desenvolvimento deve referir a opinião da pessoa que o escreve, com argumentos convincentes e verdadeiros, e com exemplos claros. Deve também conter contra-argumentos, de forma a não permitir a meio da leitura que o leitor os faça. Por fim, deve ser concluído com um parágrafo que responda ao primeiro parágrafo, ou simplesmente com a ideia chave da opinião.


Argumentação

A argumentação tem como objetivo levar um indivíduo ou grupo a aderir a determinada tese. O texto argumentativo deve possuir uma clareza na transmissão de idéias , podendo tratar de temas, situações ou assuntos variados. É constituído por um primeiro parágrafo curto, que deixa a idéia clara, depois o desenvolvimento deve referir a opinião da pessoa que o escreve, com argumentos convincentes e verdadeiros, e com exemplos que exemplifique uma confiabilidade e persuasão. Deve também conter contra-argumentos, de forma a não permitir a meio da leitura que o leitor os faça. Por fim, deve ser concluído com um parágrafo que responda ao primeiro parágrafo, ou simplesmente com a idéia-chave da opinião.

Módulo 6

Textos argumentativos.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Premio Nobel da Medicina

Egas Moniz foi proposto cinco vezes (1928, 1933, 1937, 1944 e 1949) ao Nobel de Fisiologia ou Medicina ,sendo galardoado em 1949. A primeira delas acontece alguns meses depois de ter publicado o primeiro artigo sobre a encefalografia arterial e, subsequentemente, ter feito, no Hospital de Necker, em Paris, uma demonstração da técnica encefalográfica. Este imediatismo não era uma coisa absolutamente ridícula pois, na verdade, «a vontade de Alfred Nobel era precisamente a de galardoar trabalhos desenvolvidos no ano anterior ao da atribuição do Prémio» (Cf. Manuel Correia, 2006 [1]).
A técnica desenvolvida por Egas Moniz, a operação ao cérebro chamada lobotomia, deixou de ser praticada pelos médicos há 30 anos, e tem sido alvo de polémica. Familiares de pacientes que sofreram esta intervenção exigiram que fosse anulado o prémio Nobel, Portugues que ganhou o prémio Nobel da Medicina.






Prémio Nobel da paz

O Nobel da Paz é um dos cinco Prémios Nobel, legado pelo inventor da dinamite, o sueco Alfred Nobel. Os prémios de Física, Química, Fisiologia/Medicina e Literatura são entregues anualmente em Estocolmo, sendo o Nobel da Paz atribuído em Oslo. O Comité Nobel norueguês, cujos membros são nomeados pelo Parlamento norueguês, tem a função de escolher o laureado pelo prémio, que é entregue pelo seu presidente actualmente o ex-primeiro-ministro, ex-ministro dos negócios estrangeiros, ex-presidente do Stortinget (parlamento) e actual Secretário-Geral do Conselho da Europa Sr. Thorbjørn Jagland.
Actualmente há um sexto prémio: o Nobel da Economia também atribuído pela Academia Real das Ciências Sueca. Este prémio instituído em 1968, comemorando o 3º centenário do Banco Central da Suécia (Sveriges Riksbank) é oficialmente designado “Pris i ekonomisk vetenskap till Alfred Nobels Minne (Prémio em ciência económica à memória de Alfred Nobel).


quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Os objectivos do Milénio

Objetivo 1
Erradicar a pobreza extrema e a fome
Um bilhão e duzentos milhões de pessoas sobrevivem com menos do que o equivalente a US$1,00 PPC por dia – dólares medidos pela paridade do poder de compra de cada moeda nacional. Mas tal situação já começou a mudar em pelo menos 43 países, cujos povos somam 60% da população mundial. Nesses lugares há avanços rumo à meta de, até 2015, reduzir pela metade o número de pessoas que ganham quase nada e que – por falta de oportunidades como emprego e renda – não consomem e passam fome. O Brasil é um exemplo de sucesso, com dez anos de antecedência, conseguiu cumprir a meta.

Objetivo 2
Atingir o ensino básico universal
Cento e treze milhões de crianças estão fora da escola no mundo. Mas há exemplos viáveis de que é possível diminuir o problema – como na Índia, que se comprometeu a ter 95% das crianças frequentando a escola já em 2005. A partir da matrícula dessas crianças ainda poderá levar algum tempo para aumentar o número de alunos que completam o ciclo básico, mas o resultado serão adultos alfabetizados e capazes de contribuir para a sociedade como cidadãos e profissionais.

Objetivo 3
Promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres
Dois terços dos analfabetos do mundo são mulheres, e 80% dos refugiados são mulheres e crianças. Superar as desigualdades entre meninos e meninas no acesso à escolarização formal é a base para capacitá-las a ocuparem papéis cada vez mais ativos na economia e política de seus países.

Objetivo 4
Reduzir a mortalidade infantil
Todos os anos onze milhões de bebês morrem de causas diversas. É um número escandaloso, mas que vem caindo desde 1980, quando as mortes somavam 15 milhões. Os indicadores de mortalidade infantil falam por si, mas o caminho para se atingir o objetivo dependerá de muitos e variados meios, recursos, políticas e programas – dirigidos não só às crianças mas à suas famílias e comunidades também.

Objetivo 5
Melhorar a saúde materna
Nos países pobres e em desenvolvimento, as carências no campo da saúde reprodutiva levam a que a cada 48 partos uma mãe falece. A redução dramática da mortalidade materna é um objetivo que não será alcançado a não ser no contexto da promoção integral da saúde das mulheres em idade reprodutiva. O acesso a meios que garantam direitos de saúde reprodutiva e a presença de pessoal qualificado na hora do parto serão portanto o reflexo do desenvolvimento de sistemas integrados de saúde pública.

Objetivo 6
Combater o HIV/AIDS, a malária e outras doenças
Em grandes regiões do mundo, epidemias mortais vêm destruindo gerações e ameaçando qualquer possibilidade de desenvolvimento. Ao mesmo tempo, a experiência de países como o Brasil, Senegal, Tailândia e Uganda vem mostrando que podemos deter a expansão do HIV. Seja no caso da AIDS, seja no caso de outras doenças que ameaçam acima de tudo as populações mais pobres e vulneráveis como a malária, a tuberculose e outras, parar sua expansão e depois reduzir sua incidência dependerá fundamentalmente do acesso da população à informação, aos meios de prevenção e aos meios de tratamento, sem descuidar da criação de condições ambientais e nutritivas que estanquem os ciclos de reprodução das doenças.

Objetivo 7
Garantir a sustentabilidade ambiental
Um bilhão de pessoas ainda não têm acesso a água potável. Ao longo dos anos 90, no entanto, quase um bilhão de pessoas ganharam esse acesso à água bem como ao saneamento básico. A água e o saneamento são dois fatores ambientais chaves para a qualidade da vida humana, e fazem parte de um amplo leque de recursos e serviços naturais que compõem o nosso meio ambienteclima, florestas, fontes energéticas, o ar e a biodiversidade – e de cuja proteção dependemos nós e muitas outras criaturas neste planeta. Os indicadores identificados para este objetivo são justamente "indicativos" da adoção de atitudes sérias na esfera pública. Sem a adoção de políticas e programas ambientais, nada se conserva adequadamente, assim como sem a posse segura de suas terras e habitações, poucos se dedicarão à conquista de condições mais limpas e sadias para seu próprio entorno.

Objectivo 8

Estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento
Muitos países pobres gastam mais com os juros de suas dívidas do que para superar seus problemas sociais. Já se abrem perspectivas, no entanto, para a redução da dívida externa de muitos países pobres muito endividados]] (PPME).
As metas levantadas para atingir este Objetivo levam em conta uma série de fatores estruturais que limitam o potencial para o desenvolvimento – em qualquer sentido que seja – da imensa maioria dos países do sul do planeta. Entre os indicadores escolhidos estão a ajuda oficial para a capacitação dos profissionais que pensarão e negociarão as novas formas para conquistar acesso a mercados e a tecnologias abrindo o sistema comercial e financeiro não apenas para países mais abastados e grandes empresas, mas para a concorrência verdadeiramente livre de todos